QUANDO A PALAVRA ENTRA NO TECIDO DIALÓGICO HUMANO: QUESTÕES EXISTENCIAIS EM FIÓDOR DOSTOIÉVSKI
DOI:
https://doi.org/10.31512/vivencias.v16i30.105Resumo
Neste texto são consideradas as manifestações dialógicas e de caráter ético presentes na narrativa de Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski. O estudo busca analisar algumas referências espaço-temporais mencionadas na obra, as quais fornecem ainda mais elementos para que compreendamos especificidades presentes na narrativa ficcional de Crime e Castigo. O texto está organizado, portanto, a partir da contextura da vida de Dostoiévski, seguido das referências espaço-temporais e paisagem petersburguense. Há, ainda, considerações acerca do personagem Raskólnikov e de sua busca de diálogo com outros personagens de Crime e Castigo na direção do reconhecimento de si. Os ambientes, o peso simbólico do cenário de São Petersburgo, a cor amarela, a sensação de viver em um caixão sem ar, as pessoas doentes, o barulho e o mau cheiro são elementos que exprimem os tormentos vividos por Raskólnikov no processo de renovação humana narrada e imbricada a Outros personagens, os quais são a possibilidade para que o protagonista seja um homem ético e renascido. É possível identificar que a tomada de consciência no movimento constitutivo de Raskólnikov nasce do encontro significativo com o Outro, quando ele toma para si as questões de sua própria existência.Referências
BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. Trad. Paulo Bezerra. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013.
BAKHTIN, Mikhail. A Estética da Criação Verbal. 5. ed. São Paulo: Livraria Martins Fontes. 2010a.
BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do Ato Responsável. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010b.
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Crime e Castigo. Tradução e prefácio de Paulo Bezerra. Gravuras de Evandro Carlos Jardim. São Paulo: Ed. 34, 2001.
FLORES, V. N. Dicionário de linguística da enunciação. (Org.). Valdir do Nascimento Flores [et al.]. – São Paulo: Contexto, 2009.
FRANK, Joseph. Dostoiévski – Os Anos Milagrosos. 1865 -1871. Tradução Geraldo Gerson de Souza, São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 2003.