EMOÇÕES E SENTIMENTOS EM RELAÇÃO À MATEMÁTICA
O QUE DIZEM OS ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL
DOI:
https://doi.org/10.31512/vivencias.v21i43.1458Resumo
A dimensão afetiva, que compreende elementos como emoções, sentimentos, motivação, atitudes, entre outros, é de significativa relevância no cotidiano escolar, podendo influenciar no processo de aprendizagem. Considerando que o componente curricular Matemática tende a ser preterido pela maioria dos estudantes, o presente estudo tem por objetivo identificar quais as emoções e os sentimentos que estudantes apresentam em relação às aulas de Matemática. Também, se os referidos componentes da dimensão afetiva possuem variação em relação ao ano escolar ou gênero dos participantes. Para isso, foram aplicados questionários elaborados com base em outros já validados, em duas escolas públicas brasileiras, abrangendo 361 estudantes do 6º a 9º ano do Ensino Fundamental (11 a 14 anos). Como resultado, foi identificado que a maioria dos participantes entende que faz sentido comparecer às aulas de Matemática, estão empolgados e não demonstram tédio, assim como não acha as aulas chatas e ficam felizes quando vale a pena comparecer as aulas. Em relação aos sentimentos, exprimiram sentir força, vigor, energia significativamente, e felicidade de forma sutil. Os estudantes pertencentes ao 6º e 7º ano expressaram maior ausência de sentimentos negativos, indo ao encontro da literatura que identifica uma diminuição dos sentimentos e emoções positivas conforme o avanço escolar. Sobre os mesmos resultados, o gênero masculino apresentou maiores percentuais, mas de forma diminuta.
Referências
BIANCHINI, L. G. B.; VASCONCELOS, M. S. Significação e sentimentos dos alunos quando erram na matemática. Psicologia da Educação, v. 38, n. 1, p. 63-71, 2014. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/psicoeduca/article/view/22800.
BOGDAN, R., BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994.
BROKINGTON, G. J. Neurociência e Educação: investigando o papel da emoção na aquisição e uso do conhecimento científico. 2011. 202 f. [Doutorado em Educação] - Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação, São Paulo, 2011. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-01082013-155030/pt-br.php.
CACHAPUTZ, A. et al. A necessária renovação do ensino de ciências. São Paulo: Cortez, 2005.
CERVINI, R.; DARI, N.; QUIROZ, S. Género y rendimiento escolar en América Latina. Los datos del SERCE en matemática y lectura. Revista Iberoamericana de Educación, v. 68, p. 99-116, 2015. DOI: https://doi.org/10.35362/rie680206.
CHACÓN, I. M. G. Afecto y aprendizaje matemático: causas y consecuencias de la interacción emocional. In: E. J. Carrillo (Ed.) Reflexiones sobre el pasado, presente y futuro de las Matemáticas. Editorial Universidad de Huelva, 2022, pp. 197-227.
CHACÓN, I. M. G. Matemática emocional: os afetos na aprendizagem matemática. Porto Alegre: Artmed, 2003.
COSENZA, R. M; GUERRA, L. B. Neurociência e Educação: Como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.
CORREA, J.; MACLEAN, M. Era uma vez... um vilão chamado matemática: um estudo intercultural da dificuldade atribuída à matemática. Psicologia: reflexão e crítica, v. 12, n.1, p. 173-194, 1999. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-79721999000100012.
DAMÁSIO, A. Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
DAMÁSIO, A. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. Editora Companhia das Letras, 2012.
DAMÁSIO, A. A estranha ordem das coisas: as origens biológicas dos sentimentos e da cultura. Editora Companhia das Letras, 2018.
DARWIN, C. A expressão das emoções no homem e nos animais. São Paulo: companhia das Letras, 2009.
DEL RÍO, M. F.; STRASSER, K.; SUSPERREGUY, M. I. ¿Son las habilidades matemáticas un asunto de género?: Los estereotipos de género acerca de las matemáticas en niños y niñas de Kínder, sus familias y educadoras. Calidad en la Educación, v. 45, p. 20-53, 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.4067/S0718-45652016000200002.
FRANÇA, L. S. Voz(es) de estudantes sobre a aprendizagem de matemática: entre erros emoções. 2020. 90 f. [Dissertação de mestrado]. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Disponível em: http://www2.uesb.br/ppg/ppgen/wp-content/uploads/2021/03/LEINAD-FRAN%C3%87A-VERS%C3%83O-FINAL-FINAL-11.4.pdf.
GONZALEZ-PIENDA, J. A. et al. Olhares de género face à matemática: uma investigação no ensino obrigatório espanhol. Estudos de psicologia, v. 11, n. 2, p. 135-141, 2006. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-294X2006000200002.
LAFORTUNE, L.; SAINT-PIERRE, L. A afectividade a metacognição na sala de aula. Tradução de Joana Chaves. Lisboa: Instituto Piaget, 1996.
MATA, L. et al. Emoções face à matemática e progressão na escolaridade–Estudo longitudinal com alunos do 5º e 7º anos de escolaridade. Análise Psicológica, v. 35, n.2, p. 125-144, 2017. DOI: https://doi.org/10.14417/ap.1227.
MENDES, A. C.; CARMO, J. S. Atribuições dadas à Matemática e ansiedade ante a Matemática: o relato de alguns estudantes do ensino fundamental. Bolema: Boletim de Educação Matemática, v. 28, n. 50, p. 1368-1385. 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-4415v28n50a18.
MORA, F. Neuroeducacion: solo se puede aprender aquello que se ama. Madrid: Alianza Editorial, 2013.
MURRAY, E. J. Motivação e Emoção. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
NEVES, M. C.; CARVALHO, C. A importância da afectividade na aprendizagem da matemática em contexto escolar: Um estudo de caso com alunos do 8º ano. Análise Psicológica, v. 24, n. 2, p. 201-215, 2006. Disponível em: https://repositorio.ispa.pt/handle/10400.12/6005.
NOBRE, Suzana. As dimensões do domínio afetivo identificadas em alunos com indicação de fracasso em matemática escolar, durante uma sequência didática envolvendo a geometria. 2018. 137 f. (Mestrado em Educação Matemática) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018. Disponível em: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/21709.
PADRÓN, O. J. M. Dominio afectivo en educación matemática. Paradigma, v. 26, n. 2, p. 7-34, 2005. Disponível em: https://ve.scielo.org/scielo.php?pid=S1011-22512005000200002&script=sci_arttext.
PIMENTEL, Emanuel Cesar. Evidências do conhecimento metacognitivo na tomada de decisão por ser professor de física. 2019. 100 f. (Mestrado em Educação) - Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, 2019. Disponível em: http://tede.upf.br:8080/jspui/handle/tede/1875.
REEVE, J. Motivação e emoção. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
ROCHA, L. M.; GUELLER, M. (2013). Fatores que permeiam o comprometimento dos alunos na aprendizagem da Matemática. Anais. Congresso de Educación Matempatica da América Central y el Caribe, I. p. 442-545. Santo Domingo. República Dominicana. Disponível em: https://ciaem-iacme.org/memorias-icemacyc/442-545-6-DR-C.pdf.
RODRIGUES, M. M. P.; SOUZA, M. T. C. C.; OLIVEIRA, P. S. Coração e Razão: jogo de esconde-esconde ou parceria? In: M. T. C. C. Souza (Org.). Razão e Emoção: diálogos em construção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. p. 73-84.
SANTOS, J. B. P.; TOLENTINO-NETO, L. C. B. O que os dados do SAEB nos dizem sobre o desempenho dos estudantes em Matemática? Educação Matemática Pesquisa, v. 17, n. 2, p. 309-333, 2015. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/emp/article/view/22442.
SILVA, J. E. R.; GUSMÃO, T. C. R. S; DORIA, M. C. F. Percepções e reações de professores e alunos frente às emoções na aula de matemática. Revista Binacional Brasil-Argentina: Diálogo entre as ciências, v. 8, n. 2, p. 95-109, 2019. DOI: https://doi.org/10.22481/rbba.v8i2.6265.
Silva, L. C. Emoções e sentimentos na escola: uma certa dimensão do domínio afetivo. 2002. 374 f. [Dissertação de mestrado]. Universidade Federal da Bahia. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/11773.
SOUZA, M. C. R. F.; FONSECA, M. C. F. R. Relações de gênero, Educação Matemática e discurso: enunciados sobre mulheres, homens e matemática. Autêntica, 2017.
TASSONI, E. C. M.; DA SILVA LEITE, S. A. Um estudo sobre emoções e sentimentos na aprendizagem escolar. Comunicações, v. 18, n. 2, p. 79-91, 2011. Disponível em: https://revistas.metodista.br/index.php/comunicacoes/article/view/933.
VISCOTT, D. S. A linguagem dos sentimentos. Grupo Editorial Summus, 1982.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Julia Nunes Pacheco, Cleci Teresinha Werner da Rosa, Luiz Marcelo Darroz
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
