PEDAGOGIA DE TERREIRO: PELA DECOLONIZAÇÃO DOS SABERES ESCOLARES

Autores

  • Yuri Miguel Macedo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal do Espirito Santo (UFES) e Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Porto Seguro, BA, Brasil. Mestrando em Ensino e Relações Étnico-Raciais (UFSB). E-mail: yurimacedo@csc.ufsb.edu.br http://orcid.org/0000-0003-0926-6553
  • Cláudia Braga Maia Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Porto Seguro, BA, Brasil. Mestranda em Ensino e Relações Étnico-Raciais (UFSB). E-mail: cbmaia@uneb.br
  • Mariana Fernandes dos Santos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA campus Eunápolis, Eunápolis, BA, Brasil. Doutora em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA). E-mail: mariana.santos@ifba.edu.br http://orcid.org/0000-0003-2296-3767

DOI:

https://doi.org/10.31512/vivencias.v15i29.50

Resumo

Os saberes construídos cotidianamente no universo de terreiros de Candomblé, sua história oral, tradição, axé e ancestralidade afro-brasileira são epistemologias decoloniais, uma Pedagogia de Terreiro que tem muito a contribuir para a formação do sujeito e de sua identidade. O objetivo deste estudo é apresentar caminhos na construção do conhecimento de saberes afro-referenciados apresentando críticas ao atual modelo escolar legitimador de uma cultura de intolerância e racismo, em que a escola rejeita/exclui a identidade ancestral/cultural que o estudante negro traz consigo. Defendemos  que a partir dos Estudos Culturais é possível construir rupturas com o paradigma colonial racista judaico-cristão, pela formação de uma cultura que contemple as diferenças, baseada no respeito.

Biografia do Autor

Yuri Miguel Macedo, Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal do Espirito Santo (UFES) e Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Porto Seguro, BA, Brasil. Mestrando em Ensino e Relações Étnico-Raciais (UFSB). E-mail: yurimacedo@csc.ufsb.edu.br

Professor Pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal do Espirito Santo (UFES), Professor no Programa de Pós-Graduação Lato Sensu Formação de Professores em Letras-Libras na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Aluno do Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia, licenciado em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Boa Esperança - FABIBE, Especialista em História e Cultura Afro-Brasileira, Especialista em Educação de Jovens e Adultos, atuando principalmente nos seguintes temas: Identidade, Cultura, Classe, Gênero, Educação Inclusiva, Educação, Devoções, Transversalidade, Africanidades e Ancestralidade. Coordenador do Grupo de Pesquisa Educação Transversal (UFES), vice coordenador do Grupo de Pesquisa Erê-Ecoa (UFES) Pesquisador dos grupos: Grupo de Pesquisas em Linguagens, Poder e Contemporaneidade ? GELPOC (IFBA) ; Políticas de Inclusão e Educação para as Relações Étnico-Raciais (UFES); Invisibilidade Social e Energias Emancipatórias em Direitos Humanos (FDV) ; Espaços Deliberativos e Governança Pública (UFV/CLACSO) e Educação para as relações étnico-raciais, territorialidades e novas mídias (UFES). Integrante da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN) e Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED).

Cláudia Braga Maia, Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Porto Seguro, BA, Brasil. Mestranda em Ensino e Relações Étnico-Raciais (UFSB). E-mail: cbmaia@uneb.br

Mestranda no Programa de Pós Graduação de Ensino e Relações Étnico Raciais (PPGER) - Universidade Federal do Sul da Bahia, Campus Sostígenes Costa, Porto Seguro. Estudante pesquisadora nos Grupos de Pesquisa: em Linguagens, Poder e Contemporaneidade (GELPOC/IFBA), e do Grupo Educação Transversal (UFES). Professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Campus XVIII, de LIBRAS e do Colegiado de Turismo.Graduações: Bacharelado em Turismo (1999); Licenciatura em Geografia (2009); Licenciatura em Pedagogia (2011). Pós Graduações: Marketing Empresarial (2001); Educação de Jovens e Adultos (2009); Educação Ambiental (2010) e LIBRAS (2012).

Mariana Fernandes dos Santos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA campus Eunápolis, Eunápolis, BA, Brasil. Doutora em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA). E-mail: mariana.santos@ifba.edu.br

Doutora em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA). Mestra em Estudo de Linguagens(UNEB).Especialista em Ensino de Língua Portuguesa e Literatura (FACSA-BA).Especialista em Educação a Distância(UNEB).Possui graduação em Letras-Vernáculas (UNEB). Atualmente é Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia- IFBA(Língua Portuguesa - Literaturas, Teoria e Prática textual) , atuando nos níveis de Ensino Médio Integrado ao Técnico, Técnico Subsequente, Graduação e Pós-Graduação. Desenvolve pesquisas/atua nas áreas de Linguagem e tecnologia, Currículo, Linguagem e Educação, Formação docente,Ensino de língua materna, Gêneros textuais e discursivos, Língua(gem) em áreas diferentes das Letras, Língua Portuguesa/Linguagem no Ensino Superior, Letramentos, Análise do discurso de linha francesa, Linguística Aplicada, Interculturalidade e De(s)colonialidades, Gênero e Diferença.

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Publicado

2019-10-03

Como Citar

Macedo, Y. M., Maia, C. B., & dos Santos, M. F. (2019). PEDAGOGIA DE TERREIRO: PELA DECOLONIZAÇÃO DOS SABERES ESCOLARES. Vivências, 15(29), 13–26. https://doi.org/10.31512/vivencias.v15i29.50

Edição

Seção

ARTIGOS DE FLUXO CONTÍNUO