FLORA VASCULAR DE UM FRAGMENTO URBANO DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECÍDUA: HÁBITO, ENDEMISMO, STATUS DE CONSERVAÇÃO E SÍNDROMES DE DISPERSÃO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31512/vivencias.v21i42.1083

Resumo

As áreas verdes urbanas constituem espaços de proteção ambiental, como é o caso daquelas constituídas como Unidades de Conservação. Assim, como parte do estudo técnico para subsidiar a criação de uma Unidade de Conservação, esta pesquisa teve como objetivo realizar um levantamento florístico da flora vascular de uma floresta estacional semidecídua na área urbana de São Simão, Goiás, destacando aspectos das espécies em termos de hábito, endemismo, status de conservação e síndromes de dispersão de diásporos. Utilizando o método do “caminhamento”, o levantamento florístico ocorreu entre março de 2020 e janeiro de 2021. Foram registradas uma espécie de samambaia e 225 espécies de Angiospermas, pertencentes a 158 gêneros e 54 famílias. As famílias mais ricas em espécies foram Fabaceae, Malvaceae, Asteraceae, Euphorbiaceae, Apocynaceae, Rubiaceae, Bignoniaceae, Myrtaceae e Poaceae. A maioria dos gêneros foi representada por uma ou duas espécies, o que valida a existência de uma alta riqueza de gêneros. Sida (Malvaceae), Solanum (Solanaceae), Cyperus (Cyperaceae), Dioscorea (Dioscoreaceae), Eugenia e Myrcia (Myrtaceae) foram as espécies mais ricas. A maioria das espécies é zoocórica, o que reforça a relevância dessa fitofisionomia para abrigar e alimentar a fauna. Trinta espécies são endêmicas do Brasil. Onze novos registros foram encontrados para Goiás, dois para a Região Centro-Oeste e três para o Cerrado, e a ocorrência de três novas espécies. A maioria das espécies tem um estado de conservação que não foi avaliado quanto à ameaça, o que valida a necessidade de expandir a pesquisa.

Biografia do Autor

Isa Lucia de Morais, Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Sudoeste, Sede Quirinópolis, Quirinópolis, Goiás, Brasil

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia (2000), mestrado em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU - (2003), doutorado em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás e pós-doutorado pela UFU. Docente do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Sudoeste, Sede Quirinópolis, do Mestrado em Ambiente e Sociedade, Câmpus Sudoeste, Sede Quirinópolis. Tem experiência em pesquisas sobre a diversidade vegetal do Cerrado, etnobotânica e Educação Ambiental. É membro da Sociedade Brasileira de Botânica. É fundadora e curadora do Herbário José Ângelo Rizzo da UEG, Câmpus Sudoeste, Sede Quirinópolis. É vice-coordenadora do Mestrado em Ambiente e Sociedade, Câmpus Sudoeste, Sede Quirinópolis. É Editora de Assuntos da Nordic Journal of Botany.

Núbia Aparecida Alves Costa, Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Sudoeste, Sede Quirinópolis, Quirinópolis, Goiás, Brasil

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Sudoeste, Sede Quirinópolis

Vitória Aparecida de Oliveira Ferreira, Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Sudoeste, Sede Quirinópolis, Quirinópolis, Goiás, Brasil

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Sudoeste, Sede Quirinópolis.

Igor Manoel Paulo Goulart de Abreu, Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Sudoeste, Sede Quirinópolis, Quirinópolis, Goiás, Brasil

Técnico em Química pelo CCTEC - São José (Bolsa SETEC/MEC) (2018), Bacharel em Ciências Biológicas pelo IF Goiano - Rio Verde (2023) e Mestrando em Ambiente e Sociedade pela Universidade Estadual de Goiás Câmpus Sudoeste - Sede: Quirinópolis (UEG - Quirinópolis). Membro do Herbário JAR da UEG, e colaborador do grupo de pesquisa LEAFv/IF Goiano (Laboratório de Estudos Aplicados em Fisiologia Vegetal). Durante a graduação desenvolveu pesquisas com vínculo de bolsista de Iniciação Científica (IFGoiano) e Monitoria (IFGoiano). Desenvolve pesquisas, majoritariamente, voltadas para fisiologia e ecofisiologia de plantas, ecologia do Cerrado e micorrizas no Cerrado.

Referências

APG IV - Angiosperm Phylogeny Group. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 181, n. 1, p. 1-20, 2016. DOI: 10.1111/boj.12385

BIRAL, L.; LOMBARDI, J. A. Flora vascular da Mata da Pavuna, Botucatu, SP, Brasil. Rodriguésia, v. 63, n. 2, p. 441-450. 2012. DOI: 10.1590/S2175-78602012000200016

BOTREL, R. T. et al. Composição florística e estrutura da comunidade arbórea de um fragmento de floresta estacional semidecidual em Ingaí, MG, e a influência de variáveis ambientais na distribuição das espécies. Revista Brasileira de Botânica, v. 25, n. 2, p. 195-213, 2002.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. SNUC - Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Brasília: MMA, 2000.

CARVALHO, F. A.; FELFILI, J. M. Variações temporais na comunidade arbórea de uma floresta decidual sobre afloramentos calcários no Brasil Central: composição, estrutura e diversidade florística. Acta Botanica Brasilica, v. 25, n. 1, p. 203-214. 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-33062011000100024

COLWELL, R. K.; CODDINGTON, J. A. Estimating terrestrial biodiversity through extrapolation. Philos. T. Roy. Soc. B., v. 345, p. 101-118, 1994.

FELFILI, J.M.; FAGG, C.W. Floristic composition, diversity and structure of the “Cerrado” sensu stricto on rocky soils in northern Goiás and southern Tocantins, Brazil. Revista Brasileira de Botânica, v. 30, n. 3, p. 375-385, 2007.

FERREIRA JÚNIOR, W. G. et al. Composição florística da vegetação arbórea de um trecho de floresta estacional semidecídua em Viçosa, Minas Gerais, e espécies de maior ocorrência na região. Revista Árvore, v. 31, n. 6, p. 1121-1130, 2007.

FILGUEIRAS, T. S. et al. Caminhamento - um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Caderno de Geociências, p. 39-43, 1994.

FLORA E FUNGA DO BRASIL. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 29 jan. 2023.

GARCIA, L. M.; ROMAGNOLO, M. B.; SOUZA, L. A. DE. Flora vascular de um remanescente de floresta estacional semidecidual, no município de Maringá, Paraná, Brasil. Ver. Agro. Amb., v. 10, n. 2, p. 501-532, 2017. DOI: 10.17765/2176-9168.2017v10n2p501-532

GIACOMO, R. G., et al. Florística e Fitossociologia em Áreas de Cerradão e Mata Mesofítica na Estação Ecológica de Pirapitinga, MG. Floresta Ambient, v. 22, n. 3, p. 287-298. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2179-8087.067913

GROTH, D. Caracterização morfológica das sementes e plântulas de seis espécies invasoras do gênero Solanum L. Acta Botanica Brasilica, v. 3, n. 1, p. 25-48, 1989. DOI: 10.1590/S0102-33061989000100002

GUERRA-SANTOS, A. I. J. et al. Vernonanthura polyanthes leaves aqueous extract enhances doxorubicin genotoxicity in somatic cells of Drosophila melanogaster and presents no antifungal activity against Candida spp. Braz. J. Biol., v. 76, n. 4, p. 928-936, 2016. DOI: 10.1590/1519-6984.04615

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Bioestatística. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 30 de abr. 2023.

IVANAUSKAS, N. M.; RODRIGUES, R. R.; NAVE, A. G. Fitossociologia de um trecho de floresta estacional semidecidual em Itatinga, São Paulo. Scientia Forestalis, n. 56, p. 83-99, 1999.

KUHLMANN, M. Frutos e sementes do Cerrado atrativos para fauna: guia de campo. Brasília: Ed. Rede de Sementes do Cerrado, 2012. 360p.

LOPES, S. F. et al. An ecological comparison of floristic composition in seasonal semideciduous forest in southeast Brazil: implications for conservation. International Journal of Forestry Research, v. 2012, p.1-14, 2012. DOI: 10.1155/2012/537269

LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2000. 608 p.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008.

MACEDO, M.; FERREIRA, A. R.; SILVA, C. J. Estudos de dispersão de cinco espécies-chaves de um capão no Pantanal de Poconé, Mato Grosso. In: Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal, 2000, Corumbá. Anais... Corumbá: SIMPAN, 2000. p. 229-243. Disponível em: https://www.cpap.embrapa.br/agencia/congresso/Bioticos/MACEDO-051.pdf

MIKICH, S. B.; SILVA, S. M. Composição florística e fenologia das espécies zoocóricas de remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual no centro-oeste do Paraná, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 15, n. 1, p. 89-113, 2001. DOI: 10.1590/S0102-33062001000100010

MILHOMEM, M. E. V.; ARAÚJO, G. M.; VALE, V. S. do. Estrutura fitossociológica do estrato arbóreo e regenerativo de um trecho de fragmento de floresta estacional semidecidual em Itumbiara, GO. Ciência Florestal, v. 23, n. 4, p. 679- 690, 2013. DOI: doi.org/10.5902/1980509812352

MOBOT (Missouri Botanical Garden). Tropicos.org. Jardim Botânico de Missouri. Disponível em: https://tropicos.org. Acesso em: 27 mai. 2023.

MUELLER-DOMBOIS, D.; ELEMBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: Willey and Sons, 1974.

NASCIMENTO, A. R. T.; FELFILI, J. M.; MEIRELLES, E. M. Florística e estrutura da comunidade arbórea de um remanescente de floresta estacional decidual de encosta, Monte Alegre, Goiás, Brasil. Acta Botanica Brasílica, v. 18, n. 4, p. 659-669, 2004.

OLIVEIRA, J. C. C.; BARBOSA, J. H. C. Roteiro para criação de unidades de conservação municipais. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 2010.

OLIVEIRA, P. E. A. M.; MOREIRA, A. G. Anemocoria em espécies de cerrado e mata de galeria de Brasília, DF. Revista Brasileira de Botânica, v. 15, n. 2, p.163-174, 1992.

OLIVEIRA-FILHO, A. T.; FONTES, M. A. L. Patterns of floristic differentiation among Atlantic Forests in Southeastern Brazil and the influence of climate. Biotropica, v. 32, p. 793-810, 2006. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1744-7429.2000.tb00619.x

OLIVEIRA-FILHO, A. T.; RATTER, J. A. A study of the origin of Central Brazilian forests by the analysis of plant species distribution patterns. Edinburgh Journal of Botany, v. 52, p. 141-194. 1995. DOI: 10.1017/S0960428600000949

OLMOS, F.; BOULHOSA, R. L. P. A meeting of opportunists: birds and other visitors to Mabea fistulifera (Euphorbiaceae) inflorescences. Ararajuba, v. 8, n. 2, p.93-98, 2000.

PASSOS, F. C.; KIM, A. C. Nectar feeding on Mabea fistulifera Mart. (Euphorbiaceae) by black lion tamarins, Leontopithecus chrysopygus Mikan, 1823 (Callitrichidae), during the dry season in southeastern Brazil. Mammalia, v. 63, n. 4, p. 519- 521, 1999.

PEDRALI, G. Florestas secas sobre afloramentos de calcário em Minas Gerais: florística e fisionomia. Bios, v. 5, n. 5, p. 81-89, 1997.

PPG (Pteridophyte Phylogeny Group) I. A community-derived classification for extant lycophytes and ferns. Journal of Systematics and Evolution, v. 54, n. 6, p. 563-603, 2016. DOI: 10.1111/jse.12229.

R CORE TEAM 2020. R: A language and environment for statistical computing. Viena: Foundation for Statistical Computing. Disponível em: https://www.R-project.org/. Acesso em: 13 abr. 2022.

RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. As principais fitofisionomias do bioma Ce. In: Sano, S. M.; Almeida, S. P.; Ribeiro, J.F. Cerrado: Ecologia e flora. 2. ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológicas, 2008. p.152-212.

RIZZINI, C. T.; RIZZINI, C. M. Dicionário botânico clássico latino-português abonado. Rio de Janeiro: IBDF - Jardim Botânico,1983.

SANTOS, A. J. Estimativas de riqueza em espécies. In: CULLEN Jr, L.; RUDRAN, R.; VALLADARES-PÁDUA, C. (Org.). Métodos de estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Curitiba: Ed. da UFPR, Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2003. p.19-41.

SILVA, L. A.; SCARIOT, A. Composição florística e estrutura da comunidade arbórea de uma floresta estacional decidual em afloramento calcário (Fazenda São José, São Domingos - GO, Bacia do rio Paranã). Acta Botanica Brasilica, v. 17, n. 2, p. 307-326, 2003.

STRANGHETTI, V.; RANGA, N. T. Levantamento florístico das espécies vasculares da floresta estacional mesófila semidecídua da Estação Ecológica de Paulo de Faria - SP. Revta. brasil. Bot., v. 21, n. 3, 1998.

TALORA, D. C.; MORELLATO, L. P. C. Fenologia de espécies arbóreas em floresta de planície litorânea do sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v. 23, n.1; p. 13-26. 2000. DOI: 10.1590/S0100-84042000000100002

VAN DER PIJL, L. Principles of dispersal in higher plants. 3. ed. Berlin: Springer-Verlag, 1982.

VIEIRA, M. F.; CARVALHO-OKANO, R. M. de. Pollination biology of Mabea fistulifera (Euphorbiaceae) in southeastern Brazil. Biotropica, v. 28, p. 61-68, 1996.

VIEIRA, M. F.; MATTO, G. T. de; CARVALHO-OKANO, R. M. de. Mabea fistulifera (Euphorbiaceae) na alimentação de aves na região de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Iheringia, Série Zoologia, v. 73, p.65-68. 1992.

Publicado

2025-01-01

Como Citar

Morais, I. L. de, Costa, N. A. A., Ferreira, V. A. de O., & Abreu, I. M. P. G. de . (2025). FLORA VASCULAR DE UM FRAGMENTO URBANO DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECÍDUA: HÁBITO, ENDEMISMO, STATUS DE CONSERVAÇÃO E SÍNDROMES DE DISPERSÃO. Vivências, 21(42), 459–482. https://doi.org/10.31512/vivencias.v21i42.1083

Edição

Seção

ARTIGOS DE FLUXO CONTÍNUO